• Cristologia nos Evangelhos Sinóticos: O livro examina a cristologia nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, questionando como os primeiros discípulos entendiam termos como Messias, Filho de Deus, Senhor e Salvador, sem a influência da tradição cristã posterior. A obra busca compreender o mundo conceitual e terminológico dos evangelistas, contextualizando-o no judaísmo do século I.

  • Introdução: A cristologia clássica, como expressa no Credo de Nicéia, difere da linguagem bíblica. O estudo busca uma compreensão histórica do que os evangelhos ensinam sobre Jesus, analisando não apenas títulos cristológicos, mas também a “cristologia implícita” – ações, interações e reações em torno de Jesus.

  • Expectativas Escatológicas de Israel: O livro investiga as expectativas judaicas sobre salvadores do fim dos tempos, incluindo o Messias, destacando a variedade de interpretações e a ausência de um entendimento unificado.

    • O Messias: A pergunta sobre por que poucos judeus reconheceram Jesus como Messias é enganosa, pois pressupõe uma compreensão unificada do Messias. A definição utilizada é a de figura escatológica que cumpre a promessa de Deus a Davi (2 Samuel 7; 1 Crônicas 17). A promessa de descendência para Davi, inicialmente cumprida em Salomão, gerou expectativas de um futuro rei que estabeleceria um reino eterno. A natureza da “filhação divina” do rei é metafórica, relacionada à sua função e proximidade com Deus, não à sua natureza divina.

    • Salmos Messiânicos: Salmos como o 2 e o 89 elaboram sobre a promessa davídica, atribuindo características de realeza divina ao rei, mas sem implicar divindade inerente. O Salmo 110 atribui ao rei uma posição exaltada e sacerdotal, similar à ordem de Melquisedeque. O Salmo 45, embora chame o rei de “Deus”, essa “divindade” é interpretada como referente à sua função real, não à sua natureza.

    • Os Profetas: A história de Salomão e seus sucessores, com suas falhas, reforçou a esperança num futuro rei que cumpriria plenamente a promessa davídica.

      • Amós: Prediz a restauração da dinastia davídica e uma era de prosperidade sem precedentes.
      • Miquéias: Descreve o Messias como um governante que protegerá Israel de inimigos e trará paz universal.
      • Isaías: Dedica grande atenção à promessa davídica, com Isaías 7.14 (Immanuel) e 9.6-7 (criança com nomes divinos) apresentando interpretações diversas, incluindo a possibilidade de uma interpretação messiânica posterior, influenciada pela Septuaginta. Isaías 11 descreve o Messias como um rebento de Jessé, dotado do Espírito de Deus, trazendo paz e harmonia universal, inclusive entre animais.
      • Jeremias: Apresenta o Messias como um pastor justo, “o Ramo Justo”, que trará segurança a Israel.
      • Ezequiel: Descreve o Messias como um novo Davi, um pastor que trará paz e prosperidade a Israel.
      • Daniel: A única passagem do Antigo Testamento que chama explicitamente um futuro governante de “Messias” (9.24-27). A interpretação das “setenta semanas” é debatida, com diferentes entendimentos sobre a sequência e a identidade do Messias. A profecia foi aplicada de maneiras diversas ao longo da história judaica, mas o Messias de Daniel não ocupa lugar central na literatura do Segundo Templo.
      • Zacarias: Apresenta o Messias como sacerdote (3.8-9) e como um rei triunfante que entrará em Jerusalém humildemente, trazendo paz sem recorrer à força militar (9.9-10). A profecia também menciona a morte do pastor (13.7), com interpretações variadas.
      • Outras Profecias: Gênesis 49 (ainda que com debate sobre sua relação com a promessa a Davi) e Números 24 (a profecia de Balaão sobre uma estrela que sairá de Jacó) também foram interpretados messianicamente.
    • Salmos de Salomão: O capítulo 17 descreve a esperança messiânica no contexto da opressão romana sobre Israel, clamando por um rei da descendência de Davi que trará um futuro melhor.